Vale do Loire
O Vale do Loire, melhor conhecido como o Vale dos Reis ou, ainda, o Jardim da França, tendo sido designado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é uma região única repleta de castelos, cerca de mil, e paisagens deslumbrantes. É uma vasta região produtora de vinhos de cerca de 600kms ao longo do Rio Loire, o maior da França, em que os vinhos brancos exalam qualidade e excelência. São 185 mil hectares de vinhedos distribuídos, como na Borgonha, por um monte de pequenos produtores de estrutura familiar. Mas não é só de brancos que a região vive. Aqui se encontram, também, vinhos tintos, espumantes, vinhos doces, todos de muito boa qualidade. O Cremant de Loire é um espumante de grande aceitação na França, os tintos á base de Cabernet Franc, são joviais e frutados, num estilo meio Beaujolais, para serem tomados jovens e refrescados enquanto seus brancos são, efetivamente, excepcionais.
Assim como a região de Champagne, o Vale do Loire situa-se no limite de temperaturas baixas para produção de vinhos. Nos anos quentes, e variação de temperaturas (quente/frio), dá aos vinhos essa elegância e acidez cortante que tanto encanta os apreciadores. Nos anos demasiado frios, todavia, devido à falta de insolação, as uvas não amadurecem adequadamente e tendem a gerar vinhos magros e sem estrutura o que é uma grande preocupação para os produtores. Nesses anos, cresce exponencialmente, a produção de espumantes Cremant de Loire, que se beneficia dessas condições climáticas. O Cremant de Loire é elaborado pelo método tradicional, tendo a Chenin Blanc como protagonista e, como coadjuvantes, a Chardonnay e Cabernet Franc, eventualmente as uvas Gamay e Pinot, da região de Touraine e Anjou-Saumur. Uma bela, e bem mais econômica, opção aos caros Champagnes.
No total, são mais de 70 AOCs gerando vinhos dos mais diversos, mas mantendo um traço característico da região que é a boa acidez dos vinhos. A região divide-se em três ou quatro sub-regiões, dependendo do autor consultado. Eu adotei a teoria das quatro sub-regiões, Leste, Touraine, Anjou-Saumur e Paix Nantais ou Oeste por achá-la mais detalhada. Os que adotam três, na verdade, só juntam as regiões de Touraine e Anjou-Saumur em uma só.
Cada região produz um estilo de vinhos próprios em que uvas diferentes protagonizam produtos bem distintos, com características de envelhecimento muito peculiares. Veja as diferenças na tabela abaixo:
Sub-Região |
Principais Apelações |
Uvas e Estilo de Vinhos |
Idade Ideal de Consumo e Características |
Paix Nantais (Oeste ou Loire Atlantique) |
Sévre-et-Maine, Cotes de Grand Lieu, Coteaux de la Loire. |
Branco seco à base de Muscadet, não confundir com Moscatel que é doce. |
Vinhos alegres, fáceis de tomar,muitas vezes vinificados “Sur Lie”. Perfeito com frutos do mar. Para tomar jovem até dois, máximo três anos. |
Touraine |
Bourgueil |
Tintos de Cabernet Franc eventualmente com corte de Cabernet Sauvignon. |
Vinhos para serem tomados jovens, com até dois anos de idade, eventualmente três. |
Chinon |
Tinsos elaborados, quase que exclusivamente, com Cabernet Franc. |
Dos melhores tintos da região para serem tomados entre 3 a 5 anos e, os melhores, podem envelhecer por até 10 anos. |
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Vouvray |
Chenin Blanc, vinhos brancos secos, demi-sec e doces. |
De 5 a 6 anos os mais simples e, os melhores, até 20 anos. |
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Anjou-Saumur |
Coteaux du Layon, Bennezaux e Quarts de Chaume |
Chenin Blanc, básicamente vinhos brancos doces. |
Podem ser tomados jovens, mas crescem em complexidade após cinco ou seis anos podendo durar décadas. Divinos vinhos de grande qualidade e excelente relação acidez x doçura. |
Savenniéres |
Chenin Blanc, vinhos brancos secos, austeros, de grande frescor e complexidade. |
Vinhos que necessitam de 2 a 3 anos para começar a mostrar todo o seu potencial e qualidades. Guarda por volta de 10 anos, mais nos grandes vinhos. |
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Rosé d’Anjou |
Vinhos Rosés elaborados principalmente com Grolleau e cortes com Cabernet Franc e Gamay. |
Vinhos rosados, normalmente fracos, ralos e ligeiros para serem tomados em 1 ou 2 anos de engarrafado. |
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Centro (ou Leste) |
Sancerre |
Sauvignon Blanc |
Vinhos francos e diretos, muito frutados e perfumados. Para ser tomado jovem, até 2 anos, eventualmente 3, do engarrafamento. |
Pouilly-Fumée |
Sauvignon Blanc |
Vinhos delicados de grande intensidade aromática, acidez e mineralidade. Bastante complexo na boca. Melhor se tomado entre 1 a 3 anos da safra. |
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Em sendo as safras um importante fator na qualidade dos vinhos da região, como na Borgonha, achei que seria interessante listar as grandes safras a serem procuradas. Excepcionais foram as de 1996, 2002 e 2005, mas a natureza tem sido bastante pródiga e as safras de 1994, 1995, 1997, 2000, 2001, 2003 e 2004 também foram boas. Os vinhos brancos desta região são, efetivamente, vinhos de grande qualidade e sedutores que merecem ser conhecidos.