Harmonização de Vinhos com Música
A pretenção de harmonizar vinho e música é audaciosa e simples ao mesmo tempo, dependendo apenas do ponto de vista de cada um, já que está provado que a música altera a percepção do sabor do vinho (veja neste site na página "Novidades").
Na "onda" desta nova modalidade de harmonização, a prestigiada vinícola australiana Estate Warburn fez algo inusitado: Ela homenageou a legendária banda de rock AC/DC lançando uma coleção de quatro variedades. As versões estão disponíveis em Back in Black Shiraz (tinto seco), You Shook Me All Night Long Moscato (branco doce), Highway to Hell Cabernet Sauvignon (tinto seco), e Hells Bells Sauvignon Blanc (branco seco). Segundo o enólogo da vinícola, a harmonização será perfeita quando acompanhado pela música correspondente a cada vinho.
O vinho tem poesia como a música, porque há nele a expressão de um autor, que exprime prazeres, emoções e um talento criador muito além da técnica adquirida. Em razão disso, harmoniza magnificamente com obras e peças musicais, sejam elas populares, cameristícas ou sinfônicas. Johann Strauss II (1825-1899), famoso pela vida boêmia e pelas valsas (Vozes da Primavera, Sangue vienense, Contos dos bosques de Viena, Danúbio Azul, Valsa do Imperador), tem na obra Vinho, mulheres e música uma clara percepção de que a compatibilização entre vinho e música pode ser perfeita
De fato, a música dos Strauss sempre foi, por definição, uma música popular, mesmo quando dançada nos salões do imperador: ritmos contagiantes, memoráveis melodias, alegria inebriante. Nas suas valsas, não há muito o que pensar, o que refletir. O que interessa é a dança, o momento, sentir a vertigem dos rodopios e a alegria de viver à vienense. O sublime encanto que uma valsa de Strauss provoca se assemelha em muito ao prazer absoluto que o vinho conduz. Pode-se dizer que Johann Strauss II, além de seus dotes extraordinários de músico, foi símbolo de uma época que glorificava, com suas músicas, uma alegria de viver jamais superada. Debussy, á semelhança de Strauss, em seu “Prélude a l’après-midi d’un faune”, no qual apresenta um universo de sentimentos indescritíveis, mostra o quanto a harmonização entre o vinho e a música pode ser perfeita. Os prelúdios, via de regra são mais curtos que as aberturas, mais sérios e conduzem o ouvinte diretamente ao âmago do enredo. Assim, Debussy, no prelúdio A Porta do Vinho, conduz o ouvinte à Paris da sua época, para assistir ao espetáculo dos bailarinos flamencos que o influenciaram tão fortemente. Sua música, romântica e lírica, se caracteriza pelas doces e originais melodias, a refinada harmonia e a beleza poética.