A despeito do clima desfavorável, a Índia produz vinhos de qualidade internacional. O país cultiva vinhas desde 300 a.C., pelo menos, mas hoje cerca de 90% dos vinhedos produzem uvas de mesa e passas. Os estados vizinhos de Maharashtra, Karnataka e Andhra Pradesh são as regiões vitícolas mais importantes. Ainda se produzem grandes volumes de vinho para consumo cotidiano, mas muitas vinícolas estão evoluindo. O Château Indage, de Maharashtra, é mais conhecido por espumantes como o Omar Khayyan, enquanto a Grover Vineyards, perto de Bangalore, produz uma gama de vinhos concentrados à base de cepas francesas como a Cabernet Sauvignon. Em Maharashtra, a Sula Vineyards produz brancos intensos de Sauvignon Blanc e Chenin Blanc.

 

    A Índia apesar de só ter aderido em Abril passado à Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), já está exportando vinho dos quase 2.000 hectares de vinha cultivada na região de Bangalore, o grande centro internacional de investigação e formação de quadros da Índia.
Sediada em Paris, a OIV é o organismo e que superintende os países produtores de vinhos. À princípio havia alguma relutância na admissão indiana, por o país não ter uma legislação específica e cuja produção de vinhos ser um autêntico Far West, segundo os observadores.


    Com a entrada da Índia, esta anunciou a plantação de mais 400 hectares de vinha nos Estado de Maharashtra, vizinho de Karnataka, cuja capital Bangalore, a chamada Silicon Bay indiana ou a Harvard da Índia, onde se formam quadros indianos para todo o mundo - economistas, gestores, engenheiros, médicos, físicos, e muitos outros investigadores das mais variadas áreas. Bangalore é, de resto, a capital da Informação tecnológica, isto é, da Inovação e das tecnologias mais sofisticadas, da India, um dos países BRIC.

    Em Karnataka, a partir de programas específicos estão-se a formar quadros especialistas (agrónomos) na produção de vinhos, bem como na apreciação  e no respectivo negócio, no qual a Wine Society of India tem um papel pioneiro para a futura indústria do vinho da Índia e negócio vitivinícola.


    Como cidade universitária voltada para a inovação e investigação científica, Bangalore também é conhecida pelos seus pubs e uma certa vida nocturna, já tendo alguns clubes de vinho, que os indianos fundaram na linha dos clubes britânicos, locais reservados e discretos.

 


    A Índia tem uma classe média de 300 milhões de pessoas, sendo por isso, à semelhança da China e Brasil, um dos mercados mais atractivos para os produtores ocidentais. A Índia deverá integrar este ano o ranking dos dez países que mais cresceram no consumo de vinho.
Nos vinhedos de Karnataka, já existem nove adegas nos actuais 1.800 hectares de vinha cultivada nos Vales de Krishna e Nandi, exportando-se 30 % para o Reino Unido, França e EUA.

    Na região ficam situados 60 % da cordilheira dos Gates Ocidentais, que influenciam o clima de região, que é composta de uma grande biodiversidade e uma temperatura anual média de 15 graus, e onde existem 10% por cento dos elefantes da Índia, que são domesticados e usados para trabalhos.
    Em Goa, antiga Índia portuguesa, e hoje um dos estados da União Indiana, existem ainda algumas adegas fundadas por portugueses, que levaram inclusivamente algum know-how de Portugal ao longo dos séculos.

    A Índia é atualmente um dos mercados emergentes, para o setor do vinho, com maior potencial de crescimento. Apesar da sua estrondosa população, 1.1 bilhões, o consumo per capita é ainda bastante reduzido. No entanto, estudos recentes, apontam para um grande crescimento no consumo de vinhos, estimulado pelas políticas governamentais favoráveis, investimento crescente em marketing e a influência cada vez maior da cultura ocidental. O consumo de vinho na Índia poderá aumentar em cerca de 25% a 30% até 2012.

    Apesar de o número de produtores e vinhos indianos estar também a crescer, são os vinhos importados que maior impacto poderão vir a ter nesta nova tendência. Contudo são os vinhos mais baratos, locais e associados a baixa qualidade que ainda dominam as vendas no mercado interno.